Total de visualizações de página

domingo, 7 de agosto de 2011

Coprofagia em cães: a importância da alimentação certa e dos alimentos funcionais.



SAÚDE E INTEGRIDADE INTESTINAL 

Uma eficiente digestão e absorção são necessários para se manter uma boa saúde, por esse motivo temas como "alimentação saudável", "conforto animal", "saúde intestinal, "suplementos funcionais" estão sendo amplamente estudados para garantir uma melhor qualidade de vida aos nossos animais.
Alimentos funcionais são todos os alimentos ou bebidas que, consumidos na alimentação cotidiana, podem trazer benefícios fisiológicos específicos, graças à presença de ingredientes fisiologicamente saudáveis (CÂNDIDO & CAMPOS, 2005).

As substâncias biologicamente ativas (fisiologicamente saúdaveis), encontradas nos alimentos funcionais podem ser classificadas em grupos tais como: probióticos e prebióticos, alimentos sulfurados e nitrogenados, pigmentos e vitaminas, compostos fenólicos, ácidos graxos poliinsaturados e fibras.

Os alimentos funcionais destacam-se na saúde animal por auxiliarem na manutenção de uma microbiota eutrófica (equilibrada). Sendo a mais importante a levedura Saccharomyces cerevisiae, rica em vitaminas e aminoácios que apresenta importante ação sobre a manutenção da microbiota intestinal benéfica a saúde animal.

A coprofagia resulta de um desequilíbrio nutricional devido a sobrecarga do sistema digestório, a oferta em excesso de petiscos, guloseimas, dieta rica em carboidrato causam alto grau de produtos alimentares mal digeridos sendo eliminados nas fezes.

Esses produtos alimentares associados a distúrbios digestivos e endócrinos formal fezes ricas em metabolitos mal digeridos, com um odor atrativo ao animal, motivando-o a consumir essas fezes.

FATORES NUTRICIONAIS ENVOLVIDOS COM A COPROFAGIA

A coprofagia está ligada a fatores clínicos e comportamentais, apesar de existir várias hipóteses relacionadas a sua causa ainda não existe uma resposta definitiva. A maioria dos casos estão ligados à uma soma de fatores comportamentais, fisiológicos e/ou patológicos.


Existe uma classificação de coprofagia, que se dá pelo tipo de fezes:
a) Cães que comem fezes de herbívoros;
b) Cães que comem fezes de gatos;
c) Cadelas recém-paridas que comem as fezes de seus filhotes;
d) Cães que comem as próprias fezes;
e) Cães que comem fezes de cães adultos;
f) Cães que comem fezes humanas;
g) Casos mistos.


IDENTIFICAÇÃO DAS CAUSAS

Antes de aprofundar ao tema, a coprofagia é vista como ato medonho por alguns humanos, gerando repudia pelo animal, existem casos que estes são abandonados ou postos para adoção, contudo vale lembrar que esta é a visão HUMANA para este ato, na visão do animal ele está se livrando de uma carência alimentar e as fezes são as fontes que estão a sua disposição nesses momentos, cabe ao seu tutor recolhe-las o quanto antes e ofertar uma fonte mais segura ao seu animal, ao invés de simplesmente discriminá-lo e até descartá-lo não resolvendo a carência alimentar ou comportamental do cão.

1 - Por deficiência metabólica:

1.1 - Deficiência alimentar: qualquer situação que gere insuficiência alimentar (por privação de comida, patologia, má absorção intestinal) pode induzir o animal a consumir fezes, existem estudos que relatam que as fezes podem ser fontes de enzimas digestivas, proteínas e vitaminas do complexo B.

1.2 - Distúrbios digestórios: cães com pancreatite crônica, verminose, deficiência de enzimas pancreáticas (tripsina), síndrome da má absorção são fatores que deve ser considerados por poderem desencadear este comportamento.

1.3 - Sobrecarga do sistema digestório: que se dá por alimentação desequilibrada, por excesso de nutrientes, grande oferta de carboidratos e fibras formando fezes com algo grau de produtos alimentares mal digeridos eliminados nas fezes. O que atrai o animal e outros cães, pelo odor atrativo à eles, levando-os a consumir estas fezes.

1.4 - Deficiência de tiamina (vitamina B1): ocorre em casos de deficiência alimentar severa (ex.: cães amarrados em quintais abandonados sem oferta de alimento). 

2 - Contexto ambiental:

2.1 - Cadela recém-parida: é comum que consuma as fezes de seus filhotes, com o instinto de manter o ninho limpo e não atrair predadores.

2.2 - Ansiedade relacionada a conflitos ambientais: estresse sócio-ambiental pode acarretar em vários comportamentos desvirtuados, incluindo coprofagia. (Ex.: cães entediados por poucos fatores motivacionais em seu ambiente, ansiedade da separação).
Neste parâmetro as fezes seriam vistas como um "brinquedo", gratificação ou reforço. Outro ponto que vale ser lembrado é a disposição errada do espaço em que o cão habita, gerando confusão ao animal, podendo induzir os cães a defecarem em sua própria cama, levando-o a consumi-las de forma instintiva para manter o ambiente limpo e não atraindo predadores.   

2.3 - Cães que habitam canis públicos, abrigos ou permanecem por um longo período confinados: parecem ter mais pré-disposição a desenvolver o comportamento coprofágico.

2.4 - Punições excessivas e/ou mal aplicadas: relacionadas ao treinamento do cão durante seu aprendizado a fazer suas necessidades no local certo, pode levar o cão a ingerir suas fezes para evitar punições.

2.5 - Condicionamento: cães presos, confinados, privados da presença humana ou de outro cão na maior parte do dia pode desenvolver esse comportamento como forma de chamar a atenção e evitar a solidão. Animais que são mais socializados, saem à passeio regularmente, ganham brinquedos, parecem ter menos tendência a desenvolver coprofagia.

3 - Outros:

3.1 - Adaptativa: ocorre entre os 6-8 meses aproximadamente, no decorrer da história evolutiva da espécie é visto como um comportamento normal, já que o ancestral canino ainda não domesticado rondava os grupos de humanos, consumindo restos alimentares deixados para trás e as fezes.

3.2 - Fezes de herbívoros: deve-se entender que estas fezes são ricas em produtos parcialmente digeridos de origem vegetal ao ponto de ser claramente visível.

3.4 - Predisposição racial: Lhasa Apso e Shi Tzu, se forem adquirir esses raças estejam cientes e preparados para lidar com esse comportamento e procurar resolver da forma devida com orientação veterinária.

TRATAMENTO

Depende da causa.

1 - Pode-se tratar as patologias relacionadas (pancreáticas, gastroentéricas ou endócrinas) e retirar qualquer droga que possa estar causando polifagia - sob orientação veterinária.

2 - Correção das deficiências nutricionais;

3 - Restringir o acesso as fezes, removendo-as imediatamente.

A oferta de leveduras como probióticos, gera um equilibrio intestinal, mantendo o trato gastro intestinal saudável, facilitando a digestão e absorção dos nutrientes.
Estudos apontam que a administração de probióticos leve ao equilíbrio metabólico do animal sendo efetivo em 90% dos casos de coprofagia.

LEVEDURAS COMO PROBIÓTICOS

Saccharomyces cerevisiae,  muito utilizados na indústria alimentícia na produção de produtos fermentados, trata-se de fungos unicelulares encontrados em abundancia na natureza em frutas cítricas, cereais e vegetais.

As leveduras não são habitantes normais do trato gastro intestinal, mas algumas cepas estão sendo utilizadas na alimentação animal, principalmente como fonte de proteína de fácil digestão, geralmente a partir de resíduos industriais fermentados ou na forma de probióticos sendo ingeridos estimulando a microbiota intestinal.

Estudos indicam que as paredes estruturais das leveduras mortas contém quantidades importantes de polissacarídeos e proteínas que podem atuar positivamente no sistema imunológico e na absorção de nutrientes.  A parede celular da levedura Saccharomyces cerevisiae possui 80% a 85% de polissacarídeos, principalmente glucanos e mananos (STRATFORD, 1994).

O USO DE PREBIÓTICOS

O frutooligossacarídeo(FOS) são fibras prebióticas que não são digeridas pelas enzimas intestinais, sendo os  Lactobacillus e Bi dobactérias responsáveis pela sua digestão levando ao aumento dessas bactérias benéficas no intestino.

Além disso as bactérias que fazem mal a saúde quando em excesso, microorganismos gram negativos como Salmonella e Escherichia coli, não são capazes de fermentar os frutoligossacarídeos (FOS) e mananoligossacarídeos (MOS), tendo privação de alimento o seu crescimento é diminuído quando em presença destes produtos, assim estas bactérias tem seu crescimento populacional reduzido.

Essas condições favoráveis à instalação e proliferação de microorganismos desejáveis desencadeada pela oferta de oligossacarídeos insolúveis de ação seletiva foram estudadas por GIBSON E ROBERFROID em 1995, onde comprovaram uma melhora do desempenho zootécnico quanto ao uso de certos carboidratos e proteínas na forma de cadeias ramificadas insolúveis, como a manose, que afetavam a microbiota do intestino.

Oligossacarídeos prebióticos de modo geral, são extraídos da parece celular de certos vegetais como: a chicória, cebola, alho, alcachofra, aspargo, entre outros. Não significa que deve-se dar um prato de cebola com alho ao cão, esta oferta causa envenenamento ao animal e anemia, estes bulbos são fontes, seu componente prebiótico é extraído e ofertado ao animal com segurança.

Também podem ser obtidos através de ação de enzimas microbianas como as glicosiltransferases (transglicosilases) em processos fermentativos, utilizando-se produtos agrícolas como a sacarose e o amido como substratos, para a síntese de oligossacarídeos prebióticos, sendo que estes compostos não podem ser hidrolizados pelas enzimas digestivas.

SIMBIÓTICOS = PROBIÓTICOS + PREBIÓTICOS

A ação em conjuto de probiótico e prebiótico é conhecida  como de simbiótico e constitui um novo conceito na utilização de aditivos em dietas. 

O uso dos simbióticos estabiliza o meio intestinal e aumenta o número de bactérias benéficas produtoras de ácido lático, favorecendo o equilíbrio intestinal. Melhorando a imunidade e melhorando a resposta de defesa e inflamatória do hospedeiro.

Esse estímulo imunológico gera produção de anticorpos tipo IgA na mucosa intestinal, reduzindo o número de bactérias patogênicas no intestino, além de ativar os macrófagos, proliferação de células T e produção de Interferon, entre outros responsáveis a uma boa imunidade da mucosa intestinal.


IMPORTÂNCIA DAS VITAMINAS

Com a administração de simbióticos tendo sucesso e refazendo a flora intestinal é importante administrar vitaminas, vale lembrar: vitamina A, Complexo B: vitamina B1 (tiamina), vitamina B2 (riboflavina), piridoxina (B6), vitamina B4 (colina), biotina (B8), ácido fólico (B9). Reestruturando a integridade física e metabólica do animal.


AMINOÁCIDOS 
A principal contribuição das proteínas da dieta consiste em fornecer aminoácidos para os vários processos realizados no organismo animal.

Existem os aminoácidos “não-essenciais” (produzidos pelo próprio organismo) e os “essenciais” (como não são sintetizados pelo organismo, tem de advir da alimentação). Os aminoácidos essenciais para os cães são: valina, leucina, isoleucina, fenilalanina, etionina, treonina, lisina, triptofano e histidina.

Do grupo dos aminoácidos não essenciais, mas de importante função nutricional, temos a metionina e a glutamina.

a) - metionina: indispensável para o desenvolvimento dos tecidos e para a manutenção da vida.

b) - glutamina exerce funções muito importantes para o corpo, algumas como: imunidade,  equilíbrio homeostático durante um estado de acidose, desintoxicação metabólica, livrando o corpo do nitrogênio e da amônia, mantém o controle entre catabolismo e o anabolismo, promove liberação extra de hormônio, dentre outras ações.

 De modo geral, as funções dos aminoácidos está ligada ao aumento da síntese de proteínas musculares e redução da sua degradação, encurtamento do tempo de recuperação, aumento da resistência muscular, diminuição da fadiga muscular, fonte de energia durante dieta e preservação do glicogênio muscular. São encontrados aminoácidos em todas as fontes de proteína animal.


Alguns probióticos e prebióticos encontrados no mercado, destinado à cães:





Fonte:  http://www.organnact.com.br/adm/upload_arquivos/produto_3_file1_pet_&_pet_palitos.pdf
Fonte: http://www.revista.inf.br/veterinaria10/revisao/edic-vi-n10-RL49.pdf
Fonte: http://schipperke.com.br/psicologiacanina/?page_id=4

Nenhum comentário:

Postar um comentário